Semana de Oração pela unidade dos cristãos – um pouco de história
25 Janeiro 2014
A Semana de Oração pela unidade dos cristãos nasceu no mundo protestante em 1908 pelo cuidado pastoral de dois padres anglicanos, tendo estabelecido que fosse celebrada de 18 a 25 de Janeiro, festa da conversão de S. Paulo. Ao princípio, muitos católicos entendiam que se destinava à conversão dos não católicos. Todavia, a partir de 1935, o padre católico Couturier renovou profundamente o sentido dessa oração, considerando-a como “uma obra espiritual que cada um faz na sinceridade da sua alma, continuando o ortodoxo a ser ortodoxo, o anglicano a ser anglicano e o católico a ser católico”. Assim a unidade pretendida não pode ser proselitismo duma Igreja em relação às outras. A unidade só pode vir de Deus. Se cada Igreja for fiel à sua tradição, se todos mergulharmos no Evangelho com o fim de sermos mais fiéis e credíveis, se o centro de todos for Jesus Cristo no seu desejo profundo de comunhão, Deus concederá o dom da unidade pela qual Cristo orou. A visão do P.e Couturier foi decisiva para construir um ecumenismo autêntico.
O movimento ecuménico dos tempos modernos nasceu entre as comunidades evangélicas (….). Mas só a partir de 1910 o movimento começou a dar passos mais firmes e seguros. (…) Em 1937, reunindo vários movimentos pró-unidade, fundou-se o Conselho Ecuménico das Igrejas. Este Conselho redigiu uma carta ecuménica, em Toronto, em 1950.
A Igreja Católica, oficialmente, mantinha-se à margem destes movimentos (…). Mas se isso acontecia a nível oficial, a nível particular iam-se realizando encontros informais de homens da Igreja católica com pessoas de outras confissões. (…) [Finalmente] em 1949, numa Instrução do Santo Ofício, reconhecia-se o valor do movimento ecuménico como “obra magnífica” que manifesta os frutos do Espírito. Roger Schütz, discípulo de Couturier, juntamente com Max Thurian, fundou em 1949, a comunidade ecuménica de Taizé. Foi o então Monsenhor Roncalli [futuro João XXIII], Núncio apostólico em Paris, que obteve a devida autorização para celebrações ecuménicas.
Quando João XXIII, em 25 de Dezembro de 1961 convocou o Concílio Ecuménico [II Concílio do Vaticano], tinha em mente três coisas fundamentais: uma revisão e reforma da Igreja; uma maior adaptação ao mundo em mudança; e o regresso dos cristãos à unidade.
António Aparício, em jornal semanário Notícias de Beja,
(16 de Janeiro 2014).