A alegria do Evangelho
18 Janeiro 2014
A tempo e a destempo o Papa Francisco teima em convocar-nos para a alegria. Não gosta mesmo de cristãos apostados em “viver uma Quaresma sem Páscoa” (…). Efectivamente, vivemos num mundo saturado de “uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada.
Quando a vida pessoal se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se escuta a voz de Deus, já não se saboreia a doce alegria do seu amor, nem ferve o entusiasmo de fazer o bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os crentes. Muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida”.
Outra pérola do Papa Francisco: “Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta se, de antemão, não confia plenamente na vitória. À partida já perdeu meia batalha.”
Assim acontece quando morre a consciência de que o Espírito do Senhor ressuscitado – o Espírito criador (…), alegre, fresco, jovem, ágil, impetuoso e ardente – nunca deixa de soprar às velas da Igreja.
Vale a pena recuperara o aviso célebre de Inácio Khazim: “Sem o Espírito Santo, Deus está longe; Cristo pertence ao passado; o Evangelho é letra morta; a Igreja, uma simples organização; a autoridade, um despotismo; a missão, uma propaganda; a liturgia, uma evocação; o cristianismo, uma moral de escravos.”
Importa frisar uma e outra vez que toda a vida cristã é uma caminhada para a liberdade e a felicidade. Ninguém adere a uma coisa que o não faz feliz. Não tem sentido anunciar o Evangelho sem lutar contra os motivos de tristeza e de sofrimento em nós mesmos e nos outros.
Abílio Pina Ribeiro em Mensageiro de Santo António,
Ano XXX, n.º 1 (Janeiro 2014), p. 26.