Em Roma – Uma peregrinação de confiança
2 Fevereiro 2013
“Viemos de toda a Europa, e também de outros continentes, pertencendo a diferentes confissões religiosas. O que nos une é mais forte do que o que nos separa: um único baptismo e a Palavra de Deus”
Irmão Alois, 29/12/2012, Praça de S. Pedro
Entre os dias 28 de Dezembro e 2 de Janeiro, decorreu em Roma a “Peregrinação de Confiança”, no Encontro Europeu da Comunidade de Taizé. (…) Os Encontros Europeus, iniciados em 1978 em Paris e com regularidade anual relativamente recente, estão fundados sobre o ideal da Peregrinação da Confiança e da Paz no mundo, e neles, os participantes são convidados a reflectir sobre as mais variadas temáticas, com base em textos e reflexões dos irmãos da Comunidade de Taizé, de textos da opinião pública e, como é óbvio, da Palavra de Deus. Além disso, estes encontros, sediados nas mais variadas cidades da Europa, convidam ao turismo e ao conhecimento das comunidades locais, já que quem neles participa é convidado a colaborar activamente nas actividades das paróquias que os acolhem e ficam usualmente hospedados em casas de família ou espaços próximos das igrejas, como salões paroquiais, pavilhões desportivos ou escolas.
Partilhando agora um pouco da minha experiência, fui convidado a participar nesta peregrinação por um desejo que me assolava desde a minha primeira e única ida a Taizé, no Verão de 2010. Desejava passar o ano num ambiente diferente do que é normalmente o que os jovens têm, com festas até altas horas, muita bebida e distracções. Não digo que estas coisas não sejam boas e construam algo nos jovens que nelas participam, mas eu procurava algo diferente. E tomando conhecimento que o Encontro Europeu era em Roma, não pensei muito mais e tratei de me inscrever. Juntei-me, sozinho, com alguns jovens dos mais variados pontos do País e parti de Portugal na madrugada do dia 26. (…) Colocado numa paróquia do centro de Roma, havia diferentes alojamentos. O primeiro dilema de Deus nesta peregrinação: como dividir parte do grupo. Enquanto alguns colegas ficaram num salão paroquial com muito poucas condições, eu fiquei num seminário jesuíta que não olhou a esforços para satisfazer as necessidades dos hospedados na paróquia, quer em comodidades, quer em simpatia.
Num encontro marcado pela profundidade religiosa, os jovens eram convidados a um itinerário de oração profunda, com participação em orações nas paróquias de acolhimento pela manhã, quer numa das sete maiores basílicas de Roma, onde os jovens eram convidados a ir, de acordo com a sua nacionalidade, depois do almoço ou à noite.
E nesses períodos de oração, vi o maior testemunho desta viagem. As orações ao tipo de Taizé decorrem intercalando cânticos, orações, passagens bíblicas, momentos de silêncio e oração individual. A oração individual traduzia-se num momento à volta da “cruz de Taizé”. Como Taizé, tal como dito, é um movimento ecuménico, à volta da cruz, a orar prostrado com a fronte pousada na mesma encontram-se quer crentes, quer não crentes. (…) Todo um espectro de cidadãos do mundo, com as suas ideologias e pensamentos, com as suas motivações, mas todos presentes no mesmo espaço, todos rendidos à mesma imagem, Cristo na cruz, pedindo pelas suas intenções, como entendem e sonham. Isto deixa‑me esperançado no mundo dos dias de hoje. Em Madrid, na Jornada de 2011, 2 milhões de jovens; todas as semanas, 3 mil jovens em Taizé, 40 mil em Roma – tudo isto faz com que eu acredite, longe de clichés, num mundo com mais paz, tranquilidade e união entre as futuras gerações.
“Deveríamos escutar o interior do ecumenismo [do Irmão Roger], vivido espiritualmente, e deixarmo-nos conduzir pelo seu testemunho rumo a um ecumenismo verdadeiramente interiorizado e espiritualizado”
Papa Bento XVI, 29/12/2012, Praça de S. Pedro,
citando palavras ditas após a morte do Irmão Roger a 16/08/2005
Testemunho do Nuno Miguel Campos (Comunidade Juvenil Amadora – Grupo Pulsar)