Um homem de fé
30 Março 2014
Muito já se disse sobre D. José Policarpo. No entanto, importa que nos questionemos sobre o porquê daquela personalidade tão rica – muitas vezes polémica, ainda que sem o procurar intencionalmente – e nunca “banal”, daquele que foi o nosso Pastor durante 15 anos.
A primeira vez que o vi, já no longínquo ano de 1980, estava a rezar; a última vez, no dia da sua passagem para o Pai, estávamos num retiro de oração, em Fátima. (…). D. José confessava-se um tímido frente à novidade das situações que se lhe deparavam, mas nunca fugiu de enfrentar um desafio. Nunca quis ser herói, mas agigantava-se quando a situação concreta o requeria. Viveu todos os momentos desta vida na terra mas (sobretudo nos últimos anos) com o desejo do céu.
Olhando agora para os principais desses momentos, creio poder afirmar que toda a personalidade de D. José Policarpo tinha como fundamento a fé em Jesus – aquela atitude que, como teólogo, estudou e ensinou, mas que, como homem e como sacerdote, procurou viver cada vez melhor. D. José Policarpo era, sobretudo, homem de fé, homem de encontro com Deus e em cuja vida Deus tinha o primeiro lugar.
Se dúvidas houvesse, recordemos apenas as suas palavras no final da celebração do Corpo de Deus do ano passado, quando D. José Policarpo partilhou com todos o que lhe ia no coração: “Confesso que já estou com saudades, mas vamos continuar unidos como membros desta Igreja que amamos. Até aqui vós sabíeis como é que me havíeis de encontrar. A partir daqui nem eu sei garantir-vos, mas há um segredo que vos queria dizer: quando estiverdes a adorar o Senhor diante da Eucaristia é muito provável quer me encontreis lá”.
Tenho a certeza de que o encontramos lá.
D. Nuno Brás, in semanário Voz da Verdade (23 de Março de 2014), p. 24