“Para que Cristo se forme em nós”
9 Novembro 2013
(Semana dos Seminários: 10-17 Novembro)
“Do mesmo modo que recebestes Cristo Jesus, o Senhor, continuai a caminhar nele: enraizados e edificados nele, firmes na fé, tal como fostes instruídos, transbordando em acção de graças” (Cl 2, 6-7).
A Semana dos Seminários constitui uma grande oportunidade para que todas as comunidades cristãs reavivem a consciência de que hão-de estar sempre abertas a acolher Cristo e a permitir que Ele se forme nelas.
O caminho da descoberta da vocação sacerdotal passa sempre pela comunidade cristã que possibilita às crianças e aos jovens esse encontro marcante com Cristo, que chama, transforma e envia. (…)
O cristão é convidado a crescer continuamente na força de Cristo que recebeu e habita nele pela força do baptismo e pelo dinamismo da fé que o anima. O cristão seminarista é, de um modo particular, um homem que assume com alegria a tarefa de se identificar progressivamente com Cristo e de crescer até à estatura de Cristo, uma vez que o sacerdócio ministerial é um modo único de configuração com Ele, ou seja, consiste em ser outro Cristo. Neste sentido, o Seminário é um caminho de crescimento, que se sabe onde e quando começa, mas não se sabe onde acaba, pois tornar-se imagem de Cristo, que se entrega totalmente pelos homens nunca tem um fim, senão na glória da plenitude do Amor para a qual se orienta. “Na fé, o «eu» do crente dilata-se para ser habitado por um Outro, para viver num Outro, e assim a sua vida amplia-se no Amor” (Encíclica Luz da Fé). Eis a vocação do cristão, do seminarista e do padre: ser habitado por Cristo, viver em Cristo, ampliar a sua vida no Amor, que é Cristo. O seminarista recebe, portanto, a vocação de permitir que Cristo se forme dentro de si mesmo, para se tornar Seu rosto visível diante da comunidade à qual é enviado como servo.
A gratidão que nasce da fé tem dois endereços: dirige-se Deus, que nos dá Cristo, seu Filho e nosso Salvador; transforma-se em serviço à Igreja e aos homens, que Ele ama como Pai, rico de misericórdia.
À medida que caminha em Cristo e lhe permite que se forme e cresça dentro de si, “o cristão pode ter os olhos de Jesus, os seus sentimentos, a sua predisposição filial” (Encíclica Luz da Féi, 21). Esta é a meta do crescimento do cristão: ser outro Cristo no olhar para o mundo com misericórdia, no sentir as alegrias e tristezas dos outros com o amor de Deus e no assumir-se como filho na relação fraterna com os irmãos.
O seminarista transborda em acção de graças a Deus por lhe dar Cristo, a razão de ser da sua vida, o seu tesouro escondido, o seu amor. A sua acção de graças converte-se em disponibilidade total para servir os irmãos, como Cristo, até à doação total de si mesmo.
Coimbra, 13 de Outubro de 2013
† Virgílio do Nascimento Antunes
Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios