Natal, símbolo de esperança em tempos de austeridade

Estamos a atravessar tempos de “vacas magras”. Não soubemos reconhecer como tal e aplicar em investimento produtivo a abundância dos tempos precedentes de “vacas gordas”. Pelo contrário, utilizámos a afluência para elevar padrões de vida, sem cuidar da sua sustentação económica. Somos agora chamados a adequar esses padrões à riqueza que produzimos e, ao mesmo tempo, pagar, com pesados juros, a imprevidência anterior.

Consequentemente, a austeridade é mote recorrente mas, talvez, haja divergência quanto ao seu significado. Para uns, ela quererá dizer rigor, sobriedade e poupança, no domínio público e privado, mesmo à custa de sacrifício (…). Para outros, parece significar um conjunto de medidas destinadas a “endireitar” o país, a qualquer custo, com pouca ou nenhuma consideração pelas suas repercussões sobre o tecido social.

O cenário económico e social do País vai tendo avaliações divergentes. Porém, para o cidadão comum, começa a transparecer, de forma cada vez mais marcada, o aumento de situações de carência inaceitáveis.

É neste ambiente que vamos entrar na quadra natalícia. O Natal é uma celebração cristã em comemoração do nascimento de Jesus Cristo. É uma festa de júbilo e de amor, de paz e concórdia, sentimentos que se costuma exteriorizar com gestos de fraternidade e sinais materiais.

Na presente conjuntura, haverá que ter moderação nos gastos pessoais e maior solidariedade e partilha (…). Haverá que afastarmo-nos de excessos consumistas, lembrando que Natal é essencialmente uma festa de paz e alegria interiores, uma festa do coração, em honra do Deus–Menino que veio ao mundo despojado de bens materiais. E, por mais que o futuro pareça sombrio, haverá que não esquecer que Natal é também um símbolo de esperança.

Façamos votos para que o Natal que se avizinha seja, para todos, fonte de paz e amor, de alegria e esperança.

 

Edgar de Sousa, em Sinais dos Tempos, edição do Centro de Divulgação da Doutrina Social da Igreja da Vigararia da Amadora (CEDSI), n.º 87 – Novembro/Dezembro, 2012, p. 1.

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