O Evangelho deste Domingo apresenta-nos o encontro de Jesus com a mulher samaritana, que aconteceu em Sicar, junto de um antigo poço onde a mulher ia todos os dias buscar água. Naquele dia, encontrou lá Jesus, sentado, «cansado devido à viagem». Ele diz-lhe imediatamente: «Dá-me de beber.» Deste modo supera as barreiras de hostilidade que existiam entre judeus e samaritanos e rompe os esquemas do preconceito em relação às mulheres. O pedido simples de Jesus é o início de um diálogo genuíno, mediante o qual Ele, com grande delicadeza, entra no mundo interior de uma pessoa à qual, segundo os esquemas sociais, não deveria nem sequer ter dirigido a palavra. Mas Jesus fá-lo! Jesus não tem medo. Jesus quando vê uma pessoa vai em frente, porque ama. Ama-nos a todos. Nunca se detém diante de uma pessoa por preconceitos. Jesus coloca-a diante da sua situação, sem a julgar mas fazendo-a sentir-se considerada, reconhecida, e deste modo suscitando nela o desejo de ir além da rotina diária. A sede de Jesus não era tanto de água, quanto de encontrar a Samaritana para lhe abrir o coração: pede-lhe de beber para evidenciar a sede que havia nela mesma. A mulher comove-se com este encontro: dirige a Jesus aquelas perguntas profundas que todos temos dentro, mas que muitas vezes ignoramos. Também nós temos tantas perguntas para fazer, mas não encontramos a coragem de as dirigir a Jesus! A Quaresma é o tempo oportuno para olhar para dentro de nós, para fazer emergir as nossas necessidades espirituais mais verdadeiras, e pedir a ajuda do Senhor na oração. O exemplo da Samaritana convida-nos a expressar-nos do seguinte modo: «Jesus, dá-me aquela água que me saciará eternamente.»