Festa do “Corpo de Deus”

Da Eucaristia celebrada à Eucaristia vivida no compromisso de tornar o amor de Cristo próximo dos homens 

corpo_de_Deus«Não foi preciso muito tempo para que Paulo enunciasse o essencial da tradição cristã, como a recebera e agora passava aos cristãos de Corinto. E soava assim: “Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Faz
ei isto em memória de Mim’. Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: ‘Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim.”

E assim nos deixava tudo o que havemos de receber e anunciar como Igreja de Cristo: a memória viva “da morte do Senhor, até que Ele venha”. Na verdade, recebemos a sua morte, enquanto vida retribuída ao Pai e entregue a cada um de nós; entrega total, de “corpo e sangue”; realidade final, que vem e se completa em cada celebração eucarística, “pela vida do mundo”. Como prometera, noutro passo guardado do Evangelho de João (6, 51): “Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo”.

Sim, amados irmãos, o mundo tem fome. Fome de alimento material, numa tremenda contradição entre os recursos realmente disponíveis e a péssima distribuição deles, a nível local ou internacional, provocando a discrepância atroz e o insuportável escândalo de uns poucos morrerem de fartura e em cada minuto morrer alguém de extrema penúria, neste nosso planeta.

Mas fome também de humanidade, convivência e partilha. Fome do espírito, que precisa de alimento amigável e sublime, de companhia e cultura, contra a solidão que deprime e todas as ignorâncias que diminuem o que havíamos de ser.

Mas nós recebemos e transmitimos o mesmo que Paulo e todos os primeiros (…). Em boa hora os nossos antepassados da Idade Média – sempre tão desejosos de “ver” a Deus e tornar mais sensível o que, de si, sempre ultrapassa a sensibilidade imediata – desenvolveram e estipularam esta celebração tocante do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Em boa hora o fizeram e em boa hora a continuamos nós. Tão grande é este mistério, de Deus se tornar em Cristo “corpo e sangue”, sacramento e dádiva de vida inteiramente partilhada connosco para saciar a nossa fome, que, ano após ano, se desdobra em motivos próprios de meditação e compromisso. Como será este, de a nossa tradição portuguesa lhe chamar “Corpo de Deus”, expressão recheada de significados úteis. Expressão interessante, deveras. Faz-nos lembrar que, em Cristo, Deus tomou corpo neste mundo. (…) É muito importante lembrar isto agora, no nosso tempo e cultura, quando uma antropologia fraca e um pensamento débil dividem o indivíduo, separando o que se chamou corpo e alma, traduzindo esta como simples disposição subjectiva ou sensibilidade transitória e reduzindo o corpo a mero objecto de prazer e consumo, ao sabor dos devaneios…

(…) Sendo porventura menos teóricos e mais práticos, sejamos sempre mais evangélicos e eclesiais. Pois haverá algum relato da vida de Cristo, do “Corpo de Deus” entre nós, que não manifeste a realização corpórea – quer dizer visível, audível, tangível e próxima – do amor de Deus que está em Cristo e a sua relação com os outros, com cada um de nós? Na sua relação connosco hoje, pois que a ressurreição o torna presente em todo o lado, como corpo glorioso e activo, em cada momento e local, falando-nos na Palavra, tocando-nos nos Sacramentos e na caridade eclesiais, convertendo-nos com o seu Espírito de amor (…).

Tudo isto é connosco agora (…). Está Cristo vivo, estamos nós com Ele, estão as necessidades do mundo… Celebramos o seu Corpo, somos o seu corpo eclesial, as suas mãos no mundo e para o mundo. Como não haveríamos de crescer em comunhão com Ele, para cumprirmos a vontade do Pai, que é a salvação de todos, na resposta completa às suas necessidades integrais, de corpo e espírito?! (…)»

 

D. Manuel Clemente, Bispo do Porto (Festa do Corpo de Deus, 2007)

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      Igreja Matriz
      Igreja Matriz
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    • Para diálogo, Sacramento da Reconciliação ou aconselhamento espiritual.
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