Texto | P. Carlos Jorge

Ante nós, o deserto. Intimidante. Com a extensão de 40 dias.
Desta vez, não ficamos reféns do medo, como sucedeu no passado,
mesmo que, como sempre, a travessia pareça ser impossível.
Recordamos a Voz que escutámos em tempos precedentes:
“Avancem! É por aí! Não tenham medo!”
Assim, vamos enfrentar o deserto, vazio de vida, cheio de nada,
parco em sinais de orientação, morada do grande silêncio,
onde podemos pensar menos nas coisas e mais no que somos.
Levamos, somente, o equipamento estritamente necessário:
mãos disponíveis para acolher todas as outras;
braços, para nos atarmos num baixio de dor ou num pico de festa;
orelhas, para escutarmos os sons vitais dos nossos companheiros;
olhos, para captarmos a fulgor da beleza no miolo da vulgaridade;
nariz, para aspirarmos os aromas sedutores dos ventos novos;
boca, para sonorizarmos as palavras escritas dentro da alma;
pernas, para encurtarmos as lonjuras entre nós;
pés, para nos enraizamos, com gratidão, às terras que pisamos;
coração, onde transportamos todos os nossos amores;
cabeça, onde harmonizamos as ideias e confecionamos os sonhos.
Uma Presença invisível mas real, nos guiará no rumo certo.
Antever que Ele nos vai “conduzir para além de nós mesmos
a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro”,
leva-nos a almejar, com natural impaciência, o instante da partida.
A aventura alvorece com um sinal: cinzas vertidas sobre a cabeça.
Para recordar que somos fragilidade e caducidade. E eternidade.
Percorreremos toda a distância fustigados por uma pandemia.
Sentiremos receio do incógnito, o incómodo da proximidade,
o embaraço pela presença dos outros, o amargo dos conflitos,
a manifestação das arestas mais afiadas das nossas personalidades.
Mas é nesta adjacência que é semeado o milagre da fraternidade.
Talvez iniciemos a caminhada não inteiramente unidos.
Mas Deus oferece-nos a possibilidade de terminá-la, como irmãos.

P. Carlos Jorge

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      Igreja Matriz
      Igreja Matriz
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