Castas…

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A criação de “castas” nada tem de “autenticamente eclesial”. Nem é preciso conhecer a vida, os hábitos e os vícios acumulados ao longo da história. A mensagem de Francisco é clara. Mas as palavras do Papa não são apenas para os novos cardeais da Igreja, nem sequer apenas para os cristãos a quem ele se dirige em primeiro lugar.

Estruturalmente conservador, Bergoglio retoma a lucidez de uma leitura de mundo e de tempo. Se uma corrente de pensamento, ideologia ou religião, não visa a relação e o encontro, cristaliza, encrista, segrega e vai contra a natureza humana.

Faz eco a homilia do Papa na primeira missa que celebrou com os novos cardeais a 15 de fevereiro. Incisivo, à beira dos dois anos de pontificado, Francisco resume e apresenta todo um programa de vida baseado no princípio universal da compaixão. Se integrar é a atitude, o marginalizado é a procura permanente do outro. Sem desistir. O dia só tem 24 horas, é certo, mas Francisco não fala do tempo cronológico que se mede num relógio.

A procura, naquilo a que chamou a “lógica” do Amor, não se baseia no medo, implica adequar a mentalidade, sem preconceitos ou autolimitações. Com discernimento, mas “sem demora e sem os habituais adiamentos a estudar a situação e todas as eventuais consequências”.

Quando Francisco fala em reintegrar todos, mede o peso das palavras. Não teme o escândalo. E se há uma “casta”, a palavra é dele, se há uma “casta” de católicos que se isola nas suas certezas, com medo de perder os que se julgam salvos, é o desejo de ir ao encontro dos outros, nas periferias, de sair da zona de conforto, que faz a diferença.

Bergoglio chama-lhe “sinal distintivo”. O outro é o doente, que tem fome, o desempregado, o marginalizado, o perseguido, o preso, mas também o que perdeu a fé ou até o que diz não ter fé, o ateu. É neste percurso à margem, fora do acampamento, pelos desertos, que o Papa argentino coloca o futuro da Igreja. É nele “que se descobre, joga e revela a credibilidade” da fé cristã. Que melhor síntese da Quaresma podiam os católicos ter?

O Papa fala também de uma mudança. De uma reforma que antes de ser estrutural ou normativa, é de atitude. Recorrendo aos textos evangélicos – nunca deixa de o fazer -, Bergoglio fala numa “revolução”. A “revolução” [de Jesus] que sacudiu “a mentalidade fechada no medo e no preconceito”, uma mentalidade que “se escandaliza diante de qualquer abertura, qualquer passo que não entre” nos habituais “esquemas mentais e espirituais, qualquer gesto que não corresponda” a certos hábitos “de pensar e à sua pureza ritualista”.

Na exegese de Bergoglio, Jesus é um revolucionário. O caminho não é condenar, mas ir ao encontro. E o contacto, físico, pela experiência da emoção, no calor da pele, no contágio do olhar, o contacto que é acolhimento, presença visível e efetiva, que faz parar o tempo, é a mais sublime das linguagens. Em todas a circunstâncias e contextos. “A caridade não é neutra ou indiferente”.

Joaquim Franco, SIC, 27.02.2015
http://sicnoticias.sapo.pt/opinionMakers/joaquim_franco/2015-02-27-Castas

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