Aqui — DOMINGO XVII COMUM Ano B

“Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei,
retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.”
Jo 6, 15

“Aqui” é talvez a palavra mais repetida nestes dias de peregrinação pela Terra Santa. Pelas certezas (algumas), pela tradição e pelos restos arqueológicos, há um desejo íntimo de refazer os passos de Jesus e do povo bíblico. Não é isso fundamental para a fé, mas há uma dimensão histórica que brota do espaço onde os relatos bíblicos aconteceram ou foram escritos. É certo que de “santa”, esta terra em constantes conflitos e dilacerada por ódios difíceis de superar, parece ter pouco! Mas até isso ajuda a perceber que acreditar em Jesus não se prende a um espaço ou a um lugar, mas se vive e concretiza no plano das relações humanas e divinas, onde o “aqui” é todo o lugar.

Nos olhos dos meus companheiros vejo como emocionam alguns lugares: sentir as ondas a baloiçar o barco no mar da Galileia, entrar na sinagoga de Cafarnaum, estar em Tabgha onde se lembra a primeira multiplicação dos pães e dos peixes, molhar os pés no mar e lembrar o amor que Pedro declara a Jesus, subir ao Tabor, olhar para Jerusalém e descer ao jardim das oliveiras, estar na sala que assinala o Cenáculo, entrar na cisterna vazia da prisão de Jesus. E quase adivinho a emoção dos próximos. Mas sinto a inquietação de não ficarmos numa contemplação do passado, porque a memória cristã ė actualização e projecto. O que aconteceu “aqui” lança-nos para a concretização, na vida de cada um e do mundo, da vida nova que Jesus começou a semear… “aqui”! Os lugares “santos” podem ser apelo à santidade prática e simples que está ao alcance de todos, em todos os lugares e em todos os corações, sempre que o Evangelho não é uma “coisa do passado” e a compaixão pelos outros uma verdadeira paixão pela felicidade que Deus quer para todos.

Na multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus indica-nos como não ficar na simples contemplação de um milagre do passado. Primeiro que tudo, a atenção à realidade: o aqui e agora das pessoas, o espaço e o tempo em que estão (o lugar deserto e o cair da tarde, longe de povoados), as necessidades mais urgentes (a fome, pois “não adianta pregar a estômagos vazios”!). Em seguida, a interpelação aos discípulos para participarem na resolução do problema: quantos erros se evitariam e quanto desenvolvimento aconteceria, se contássemos mais, na Igreja e na sociedade, na família e nas estruturas, com a colaboração de todos! Depois, recolher o que existe: o pouco, o pobre, o insignificante, quando é tudo o que se tem, e se partilha, colocando-o nas mãos de Deus, é o suficiente para que um milagre aconteça. De facto, o grande impedimento a que os milagres aconteçam é sempre o mesmo: o egoísmo humano, misturado com a ganância e a sede de poder e domínio! Num quarto momento deste processo de transformação, Jesus compromete os discípulos na distribuição dos dons, a todos: guardar ou entesourar o que pode ser preciso a outro é impedir a graça de Deus de se multiplicar. Quantos ricos são verdadeiramente pobres do essencial! Por fim, nada pode ser desperdiçado: o que sobra pode ser útil a outros, noutras necessidades, e saciar muitas outras fomes! Parece simples e ao alcance de todos, não é? Então porque o fazemos tão pouco?

Assim, o “aqui” dos lugares “santos” apenas me aponta o caminho para viver, no mundo inteiro, a revolução de amor de Jesus. Ensina-me como é fácil ficarmos nas nossas “guerrinhas cristãs” (imaginem que a guarda das chaves do Santo Sepulcro está confiada a uma família muçulmana porque as quatro igrejas cristãs que dividem o espaço rivalizam entre si), como deixamos de saborear a alegria de partilhar, e pouco seguimos o Senhor aonde quer que Ele vá! Que tal conhecer melhor o “aqui” de cada um de nós e fazer dele o lugar “santo” da vida em plenitude?

P. Vítor Gonçalves

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