“O amor é puro, radical, incondicional, assimétrico, sem retorno”
23 Abril 2016

“Não faças aos outros o que não queres que façam a ti!” A esta sentença, na sua formulação negativa, deu-se o nome de “regra de ouro”. É, todavia, fácil de verificar, que esta sentença é defácil cumprimento. Dado que o seu teor é negativo, para a cumprir, basta a alguém cruzar os braços e nada fazer. Procedendo assim, nada fará de inconveniente a ninguém, cumprindo assim escrupulosamente a sentença. Tentando talvez evitar a inação acoitada na formulação negativa anterior, os evangelhos apresentam desta máxima uma formulação positiva: “Faz aos outros o que queres que te façam a ti!” Levando a sério esta formulação já não é suficiente jogar à defesa e não fazer nada, mas é requerido fazer. Seja como for, as duas formulações apresentadas, padecem do mesmo vício: sou eu o centro, é à minha volta que tudo roda, e o que eu faço ou deixo de fazer é com o objetivo claro de que me seja retribuído outro tanto!
Também o “Ama o teu próximo como a ti mesmo!” que atravessa de lés a lés toda a Escritura, é uma formulação perigosa: primeiro, porque eu continuo a ser o centro, a medida do amor aos outros; segundo, porque, se alguém que não se ama a si mesmo (e são, infelizmente, cada vez mais os casos!), como poderá cumprir devidamente esta máxima?
É aqui que cai, como uma lâmina, a força do Evangelho de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!” Aqui, a medida não sou eu. Aqui, a medida é Jesus. Aqui, a medida é sem medida! Aqui, o amor não é interesseiro. Aqui, o amor é puro, radical, incondicional, assimétrico, sem retorno. Aqui, o amor obriga-nos a ter sempre como referência o Senhor Jesus e o seu modo de viver, dando a vida por amor, para sempre e para todos! (D. António Couto, Bispo)